segunda-feira, 12 de julho de 2010

A JUSTA MEDIDA


Permitam-me que utilize este espaço para um anúncio judicial: vou processar o sexólogo Nuno Monteiro Pereira, autor do livro O Pénis - da Masculinidade ao Órgão Masculino. Trata-se de um estudo científico sobre o pénis, e eu não tenho nada contra a ciência nem contra o pénis - excepto quando ambos se juntam para me dar cabo da vida. É o caso deste estudo.
No livro, o Dr. Monteiro Pereira revela que os homens mais altos possuem um pénis maior do que os mais baixos, e que o pénis dos magros é maior do que o dos gordos.
Eu, que tenho 1,88 metros e sou escanzelado, já estava a preparar uma caixa de charutos cubanos com um simpático cartão de agradecimento ao cientista quando constato que, na mesma obra, o Dr. Monteiro Pereira discorre longamente sobre os inconvenientes do excesso de dimensão peniana.
Não se faz.
A agravar tudo isto, junte-se o facto de a credibilidade do estudo ser absolutamente inatacável.
Por exemplo, o Dr. Monteiro Pereira revela que o comprimento médio do pénis português é de 15,82 centímetros. Ciência é isto: RIGOR. Não são 16 centímetros. Não são 15,8 centímetros. São 15,82 centímetros.
Temos a informação sobre os centímetros (15), os milímetros (8) e a unidade de medida que vem imediatamente a seguir ao milímetros (2), cujo nome não me ocorre neste momento, embora o meu pénis a possua.
Benditos 0,02 centímetros que se juntaram aos 15,8 e não foram deixados de fora.
Dito isto, não impressiona, as 0,02 centímetros podem fazer muito pela auto-estima do pénis português.
Eu sou um leigo em medição peniana, mas não deixo de me impressionar com precisão deste estudo. E também com a importância que o seu objecto mereceu. Neste estudo foram usados instrumentos de medição que arredondam até à centésima de centímetro. Para um objecto de estudo menos digno, uma fita métrica teria bastado.
Seja como for, este estudo pode ser, também, libertador. Sobretudo na medida em que pode salvar o homem da opressão feminina. Chega, minhas senhoras. Nós não somos apenas objectos sexuais. Somos mais do que simples caras bonitas. Possuímos um órgão sexual fascinante e até de dimensões, em média, muito aceitáveis? Possuímos, sim senhora.
Mas ele é também um protagonista de tratados científicos, motivo de discussão para investigadores que, em regra, até por usarem óculos muito grossos e terem, em geral, borbulhas, se servem mais dele no âmbito da ciência do que no do lazer.
Merece, por isso, mais respeito.
Às vezes falha? Ouvi dizer que sim, mas há de certeza uma razão extremamente científica que o justifica.

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