terça-feira, 3 de junho de 2008

PROFISSÕES DE FUTURO


Em Portugal só há duas profissões rentáveis.
Ou melhor, obscenamente rentáveis:
A profissão de futebolista e a de gestor público.
É para aí que devemos empurrar os nossos filhos. Se eles não quiserem obriguem-nos, subornem-nos, batam-lhes, batam nos professores deles, que até está na moda, mas certifiquem-se que os pirralhos enveredam por essas profissões.
Se o seu filho for apenas médico, actor ou polícia você vai acabar a constatar, um dia mais tarde, com resignação e desalento:
- Andei eu a criar um filho para isto.
Comecemos pelos futebolistas. Apesar de agora as coisas terem mudado um bocadinho, até há bem pouco tempo pagavam menos impostos e menos segurança social que todos nós. Era um regime especial que protegia os atletas e os fazia poupar gasolina para os Ferraris, os Porches, os Lamborghinis e para os Bentleys. Um miminho do Estado para a rapaziada da bola.
Mas melhor é, sem dúvida, a vida de gestor público de uma Galp, ou de uma Caixa Geral de Depósitos. Ganha-se rios de dinheiro, não se faz a ponta de um chavelho, tem-se carro, motorista, despesas de representação, prémios, cartão de crédito com plafom mensal e o diabo a quatro. Ou seja, um gestor público é um nababo das arábias, excepto nas torneiras de ouro das casas de banho lá da residência. Mas é só porque a firma das tais torneiras ainda não tem representante cá. Quando tiver, é sempre a aviar cartucho.
No cume de toda esta rapaziada jeitosa está o governador do Banco de Portugal.
O rajá.
O chefe dos nababos.
Um ser semidivino que sabe a tabuada de cabeça e que ganha 280 mil euros por ano, mais os benefícios todos que referi há bocado e ainda mais um ou outro por saber a tabuada de cor.
Estou a exagerar?
Não estou. Não estou porque descobri que o tipo que ocupa o mesmo cargo nos Estados Unidos da América ganha metade. Mas todos sabemos que os Estados Unidos são um país pobre comparado com este ninho de nababos das arábias que é Portugal. Agora sei porque é que se chama governador ao governador. Quem ocupa o cargo governa-se bem.
Quanto ao meu filho está bem encaminhado.
Não sei se ele pode ser gestor público e jogar bem à bola na mesma, ou se pode ser jogador e mesmo assim saber a tabuada de cor. Mas, neste momento, remata bem, sabe a tabuada de cor e, por isso, tem as duas saídas profissionais em aberto. Há que jogar pelo seguro. Se não fosse assim ainda me acabava para aí como médico ou director da polícia e depois queria ver como é que ele se safava.
Livra!